Vés al contingut

Invitació a la lectura

13 gener, 2013

by Adrià

O teu rosto será o último, João Ricardo Pedro

(trad. castellana: Tu rostro será el último)

 

Uma coisa parecia certa: no dia vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro, faltaria ainda um bom bocado para as sete da manhã, Celestino apertou a cartucheira à cintura, enfiou a Browning a tiracolo, verificou os tabacos e as mortalhas, esqueceu-se do relógio pendurado num prego que também segurava um calendário e saiu porta fora. O céu começava a clarear. Ou talvez nem sequer tivesse começado a clarear. Por cima das sopas de café com leite, Celestino emborcara, sem esforço, dois tragos de bagaço. O primeiro, para a azia. O segundo, para os pensamentos cismáticos, que ele, como, aliás, todos os traços fisionómicos sugeriam, era homem dado a prolongadas melancolias.

Així comença O teu rosto será o último, la primera novel•la de João Ricardo Pedro, un autor jove, enginyer de professió, que –diu– decidí posar-se seriosament a escriure quan el van fer fora de la feina. Això va succeir a l’inici de la dura situació socioeconòmica que Portugal, com tants d’altres països del sud d’Europa, encara arrossega. Durant aquest temps, i de manera cada vegada més sovintejada, en els nostres mitjans han anat apareixent diverses notícies sobre el país atlàntic, un país del qual –reconeixem-ho– sabem més aviat poc. Més enllà dels fados i del bacalhau; de la Revolució dels Clavells i, ara també, de les imposicions de la troika,… què?

O teu rosto será o último ofereix una visió de la història de Portugal des de mitjans de la dècada de 1920 fins a la Revolução dos Cravos (1974). Ho fa a través de les tres generacions de la família Mendes que pateixen els efectes de la dictadura portuguesa. L’avi Augusto, un metge que va decidir marxar de Lisboa i anar-se’n cap al Fundão en els inicis d’aquest règim polític; el seu fill António, profundament marcat per l’experiència bèl•lica a Angola; i Duarte, el més jove, que per trobar-se ha d’anar reconstruint, com pot, la memòria familiar. Aquesta, és d’esperar, no serà una tasca especialment fàcil, ja que la història dels Mendes –com també la història de Portugal– es caracteritza pels buits, els traumes silenciats i el secretisme:

Até que um dia Duarte perguntou: “Pai, quem é que foi o Salazar?” O pai respondeu sem hesitações: “Foi um defesa esquerdo do Beleneses”.

Dividida en set parts que, a la vegada, estan formades per breus capítols, la novel•la es construeix a partir de petites pinzellades que tant tenen a veure amb els Mendes o al•ludeixen a esdeveniments polítics, com ens exposen retrats de la vida quotidiana a la ciutat de Lisboa i als seus suburbis. A partir dels personatges i de les situacions que es van creuant amb els Mendes, obtenim una imatge general i –em fa l’efecte– força acurada del Portugal d’entre els anys vint i els anys vuitanta.

I és que a O teu rosto será o último hi apareixen tant els resistents a la dictadura des de dins del país com els emigrants; els refugiats d’altres règims polítics de l’Europa Oriental; la vida agrària portuguesa i l’èxode rural o la situació social dels suburbis de Lisboa. Tot, amb un llenguatge sec i directe, estratègia amb què João Ricardo Pedro crea cops d’efecte interessants: les situacions més cruels i –segons segurament creurà el lector– traumatitzants, se’ns transmeten amb el llenguatge més planer. Com si la memòria no hi hagués de parar excessiva atenció.

La memòria, però, pesa. I molt. I així Duarte haurà d’anar decidint i conformant-se una imatge del món d’on prové, sovint mitjançant els buits i les elisions del discurs, en els gestos inconclusos i les paraules mig dites, que percep tant en els seus familiars com en els mestres i veïns amb què té relació. Són espais en blanc a partir dels quals és difícil identificar-se, fer-se un rostre.

O teu rosto será o último va ser publicat a Portugal l’any 2012, després d’haver guanyat el premi Leya 2011. Serà publicat el 22 de gener en castellà per l’editorial Planeta.

Greve Geral 29M (II)

29 Març, 2012

De Miguel Torga, Bichos, 1940.

VICENTE

Naquela tarde, à hora em que o céu se mostrava mais duro e mais sinistro, Vicente abriu as asas negras e partiu. Quarenta dias eram já decorridos desde que, integrado na leva dos escolhidos, dera entrada na Arca. Mas desde o primeiro instante que todos viram que no seu espírito não havia paz. Calado e carrancudo, andava de cá para lá numa agitação contínua, como se aquele grande navio onde o Senhor guardara a vida fosse um ultraje à criação. Em semelhante balbúrdia -lobos e cordeiros irmanados pelo mesmo destino -apenas a sua figura negra e seca se mantinha inconformada com o procedimento de Deus. Numa indignação silenciosa, perguntava: a que propósito estavam os animais metidos na confusa questão da torre de Babel? Que tinham que ver os bichos com as fornicações dos homens, que o Criador queria punir? Justos ou injustos, os altos desígnios que determinavam aquele dilúvio batiam de encontro a um sentimento fundo, de irreprimível repulsa. E, quanto mais inexorável se mostrava a prepotência, mais crescia a revolta de Vicente.

Quarenta dias, porém, a carne fraca o prendeu ali. Nem mesmo ele poderia dizer como descera do Líbano para o cais de embarque e, depois, na Arca, por tanto tempo recebera das mãos servis de Noé a ração quotidiana. Mas pudera vencer-se. Conseguira, enfim, superar o instinto da própria conservação, e abrir as asas de encontro à imensidão terrível do mar.

A insólita partida foi presenciada por grandes e pequenos num respeito calado e contido. Pasmados e deslumbrados, viram-no, temerário, de peito aberto, atravessar o primeiro muro de fogo com que Deus lhe quis impedir a fuga, sumir-se ao longe nos confins do espaço. Mas ninguém disse nada. O seu gesto foi naquele momento o símbolo da universal libertação. A consciência em protesto activo contra o arbítrio que dividia os seres em eleitos e condenados.

Mas ainda no íntimo de todos aquele sabor de resgate, e já do alto, larga como um trovão, penetrante como um raio, terrível, a voz de Deus:

-Noé, onde está meu servo Vicente?

Bípedes e quadrúpedes ficaram petrificados. Sobre o tombadilho varrido de ilusões, desceu, pesada, uma mortalha de silêncio.

Novamente o Senhor paralisara as consciências e o instinto, e reduzia a uma pura passividade vegetativa o resíduo da matéria palpitante.

Noé, porém, era homem. E, como tal, aprestou as armas de defesa.

-Deve andar por aí… Vicente! Vicente! Que é do Vicente?!…

Nada.

-Vicente!… Ninguém o viu? Procurem-no!

Nem uma resposta. A criação inteira parecia muda.

-Vicente! Vicente! Em que sítio é que ele se meteu?

Até que alguém, compadecido da mísera pequenez daquela natureza, pôs fim à comédia.

-Vicente fugiu…

-Fugiu?! Fugiu como?

– Fugiu… Voou…

Bagadas de suor frio alagaram as têmporas do desgraçado. De repente, bambearam-lhe as pernas e caiu redondo no chão.

Na luz pardacenta do céu houve um eclipse momentâneo. Pelas mãos invisíveis de quem comandava as fúrias, como que passou, rápido, um estremecimento de hesitação.

Mas a divina autoridade não podia continuar assim, indecisa, titubeante, à mercê da primeira subversão. O instante de perplexidade durou apenas um instante. Porque logo a voz de Deus ribombou de novo pelo céu imenso, numa severidade tonitruante.

-Noé, onde está o meu servo Vicente?

Acordado do desmaio poltrão, trêmulo e confuso, Noé tentou justificar-se.

-Senhor, o teu servo Vicente evadiu-se. A mim não me pesa a consciência de o ter ofendido, ou de lhe haver negado a ração devida. Ninguém o maltratou aqui. Foi a sua pura insubmissão que o levou… Mas perdoa-lhe, e perdoa-me também a mim… E salva-o, que, como tu mandaste, só o guardei a ele…

-Noé!… Noé!…

E a palavra de Deus, medonha, toou de novo pelo deserto infinito do firmamento. Depois, seguiu-se um silêncio mais terrível ainda. E, no vácuo em que tudo parecia mergulhado, ouvia-se, infantil, o choro desesperado do Patriarca, que tinha então seiscentos anos de idade.

Entretanto, suavemente, a Arca ia virando de rumo. E a seguir, como que guiada por um piloto encoberto, como que movida por uma força misteriosa, apressada e firme – ela que até ali vogara indecisa e morosa ao sabor das ondas – dirigiu-se para o sítio onde quarenta dias antes eram os montes da Arménia.

Na consciência de todos a mesma angústia e a mesma interrogação. A que represálias recorreria agora o Senhor? Qual seria o fim daquela rebelião?

Horas e horas a Arca navegou assim, carregada de incertezas e terror. Iria Deus obrigar o corvo a regressar à barca? Iria sacrificá-lo, pura e simplesmente, para exemplo? Ou que iria fazer? E teria Vicente resistido à fúria do vendaval, à escuridão da noite e ao dilúvio sem fim? E, se vencera tudo, a que paragens arribara? Em que sítio do universo havia ainda um retalho de esperança?

Ninguém dava resposta às próprias perguntas. Os olhos cravaram-se na distância, os corações apertavam-se num sentimento de revolta impotente, e o tempo passava.

Subitamente, um lince de visão mais penetrante viu terra. A palavra, gritada a medo, por parecer ou miragem ou blasfémia, correu a Arca de lés a lés como um perfume. E toda aquela fauna desiludida e humilhada subiu acima, ao convés, no alvoroço grato e alentador de haver ainda chão firme neste pobre universo.

Terra! Desgraçadamente, a doçura do nome trazia em si um travor. Terra… Sim, existia ainda o ventre quente da mãe. Mas o filho? Mas Vicente, o legítimo fruto daquele seio?

Vicente, porém, vivia. À medida que a barca se aproximava, foi-se clarificando na lonjura a sua presença esguia, recortada no horizonte, linha severa que limitava um corpo, e era ao mesmo tempo um perfil de vontade.

Chegara! Conseguira vencer! E todos sentiram na alma a paz da humilhação vingada.

Simplesmente, as águas cresciam sempre, e o pequeno outeiro, de segundo a segundo, ia diminuindo.

Terra! Mas uma porção de tal modo exígua, que até os mais confiados a fixavam ansiosamente, como a defendê-la da voragem. A defendê-la e a defender Vicente, cuja sorte se ligara inteiramente ao telúrico destino. Ah, mas estavam “rotas as fontes do grande abismo e abertas as cataratas do céu” ! E homens e animais começaram a desesperar diante daquele submergir irremediável do último reduto da existência activa. Não, ninguém podia lutar contra a determinação de Deus. Era impossível resistir ao ímpeto dos elementos, comandados pela sua implacável tirania.

Transida, a turba sem fé fitava o reduzido cume e o corvo pousado em cima. Palmo a palmo, o cabeço fora devorado. Restava dele apenas o topo, sobre o qual, negro, sereno, único representante do que era raiz plantada no seu justo meio, impávido, permanecia Vicente. Como um espectador impessoal, seguia a Arca que vinha subindo com a maré. Escolhera a liberdade, e aceitara desde esse momento todas as conseqüências da opção. Olhava a barca, sim, mas para encarar de frente a degradação que recusara.

Noé e o resto dos animais assistiam mudos àquele duelo entre Vicente e Deus. E no espírito claro ou brumoso de cada um, este dilema, apenas: ou se salvava o pedestal que sustinha Vicente, e o Senhor preservava a grandeza do instante genesíaco -a total autonomia da criatura em relação ao criador -ou, submerso o ponto de apoio, morria Vicente, e o seu aniquilamento invalidava essa hora suprema. A significação da vida ligara-se indissoluvelmente ao acto de insubordinação. Porque ninguém mais dentro da Arca se sentia vivo. Sangue, respiração, seiva de seiva, era aquele corvo negro, molhado da cabeça aos pés, que, calma e obstinadamente, pousado na derradeira possibilidade de sobrevivência natural, desafiava a omnipotência.

Três vezes uma onda alta, num arranco de fim, lambeu as garras do corvo, mas três vezes recuou. A cada vaga, o coração frágil da Arca, dependente do coração resoluto de Vicente, estremeceu de terror. A morte temia a morte.

Mas em breve se tornou evidente que o Senhor ia ceder. Que nada podia contra àquela vontade inabalável de ser livre.

Que, para salvar a sua própria obra, fechava, melancolicamente, as comportas do céu.

Greve Geral 29M (I)

29 Març, 2012

Mário Dionísio, de Poemas (1936-1938)

Utilitat
 

Només les mans esteses endavant interessen.

Només els ulls que veuen més enllà del que es veu,

només el que va cap al que vindrà després,

només el sacrifici per una realitat que encara no existeix,

només l’amor per qualsevol cosa que encara no es veu i encara,

                                          ni mai, serà nostra

interessa
Utilidade
 

Só as mãos que se estendem para a frente interessam.

Só os olhos que veêm para além do que se vê.

só o que vai para o que vem depois,

só o sacrifício por uma realidade que ainda não existe,

só o amor por qualquer coisa que ainda não se vê e ainda,

                                   nem nunca, será nossa

interessa.

Art per endur a PARADIGMAS GALERÍA

19 Març, 2012

(Versión en castellano aquí)

Ens arriba una altra proposta de PARADIGMAS GALERÍA, aquesta vegada en forma d’acció urbana: l’artista brasiler Cirilo Quartim realitzarà  ”3 vías” a la Plaça de la Vila de Gràcia el dissabte 17 i el dimarts 20, de 17h a 19h. L’acció consisteix en que el públic ofereixi una paraula-clau que l’artista canviarà per un dibuix. Els dibuixos seran produïts en “3 vies”. Un original i dues còpies. L’original se’l queda la persona que li ha regalat la paraula, una copia per l’artista i l’altra a disposició de la galeria, per a una mostra futura. Participa-hi!

Arte para llevar en PARADIGMAS GALERÍA

19 Març, 2012

(Versió en català aquí)

Nos llega otra propuesta de PARADIGMAS GALERÍA, esta vez en forma de acción urbana: el artista brasileño Cirilo Quartim realizará  “3 vías” en la Plaça de la Vila de Gràcia el sábado 17 y martes 20, 17h a 19h. La acción consiste en que el público ofrezca una palabra-clave que el artista cambiará por un dibujo. Los dibujos serán producidos en “3 vías”. Un original y dos copias. El original se lo queda la persona que le regaló la palabra, una copia para el artista y la otra a disposición de la galería, para una muestra futura. Participa!

La contribució africana: valoritzar el resultat optimista d’una història pèssima (I)

18 Març, 2012

(Aquesta entrevista és una traducció de “O contributo africano: valorizar o resultado optimista de uma história péssima” publicada a BUALA per Marta Lança. L’original es pot consultar aquí)

 

La forta presència africana a Lisboa es dissol a finals del segle XIX per tornar amb la forta immigració de mitjans del segle XX. Tot i que renovada, ha continuat assentada sobre una base de discriminació. Els negres que van ajudar a construir aquest país viuen encara majoritàriament a la perifèria, destinats a una invisibilitat obscena en la representació de la societat portuguesa. L’etnòleg francès Jean-Yves Loude ha tornat a la “ciutat negra” per fer un workshop sobre la figura de Lisboa a la literatura (es pot consultar aquí el programa), i insisteix en contradir la manipulació dels fets que treu importància a la contribució africana a les grans fites del món.

A Lisboa Cidade Negra el narrador descobreix una ciutat plena de senyals d’aquesta presència africana i ens mostra el privilegi dels lisboetes. Els seus llibres revelen narratives silenciades, i reflexionen sobre el resultat cultural d’una història violenta. Amb la seva companya Viviane Lièvre, han escollit una vida de viatge en l’aprenentatge de l’alteritat, promovent un diàleg entre visions del món complementàries que recol•loquen algunes dades sobre el valor d’Àfrica en la història universal. En una sala del bellíssim palau de Belmonte, que tant de Tejo ens retorna, revisitem una Lisboa poblada d’esclaus, el que en va quedar després, els seus llibres i una revolta antiga contra els prejudicis.

Al seu llibre Lisboa Cidade Negra (2003) s’entén Lisboa com la ciutat més africana d’Europa. Estem parlant del passat?

Sí, del passat, al present n’hi ha moltes altres (París, etc.). La Història mestissa de cinc segles de convivència entre Àfrica i Lisboa va ser una descoberta per mi. Vaig voler investigar per rescatar la memòria d’aquesta herència.

És molt perceptible aquesta presència a la ciutat, però no sempre arribem a la seva història.

N’hi ha prou amb anar a beure una ginginha al largo de S. Domingos. En canvi, al Cais do Sodré ja no hi queda cap senyal de les negres que venien musclos. Podem descobrir testimonis d’aquesta presència a quadres, azulejos, ceràmiques, al teatre. Quan vaig arribar a Lisboa a finals dels anys 90, la primera pregunta que vaig fer als meus amics capverdians va ser: “per què tants africans a Lisboa?”, i em van explicar que ja venia del 1445, amb l’arribada dels esclaus. L’escriptor Joaquim Arena em va portar a una sèrie de llocs de l’africanitat i em va explicar la recerca del professor Didier Lahon sobre les confraries negres de Nossa Senhora do Rosário i “els negres al cor de l’imperi” a propòsit de l’exposició als Jerónimos l’any 2000.

Inaugurava d’aquesta manera un treball que diu que és un exercici policial per buscar el moll de l’os, el cadàver assassinat d’una memòria.

No en sabia res, d’aquesta presència constant a Lisboa, vaig llegir els estudis d’Anne Marie Pascal sobre “el personatge del negre al teatre portuguès del segle XVIII”, o el llibre de José Ramos Tinhorão Os Negros em Portugal. Uma Presença Silenciosa i d’altres investigadors que mostraven els negres no només com a braços sinó com expressions de la vida quotidiana, d’influència en la cultura, en la religió, en les corrides de braus i al fado. I vam passar una temporada a S. Bento, un gran símbol de la presència africana.

S. Bento, on als anys 50 es van establir immigrants capverdians que havien vingut a treballar al port, i també el S. Bento del segle XVII, quan D. Manuel va fer excavar un pou per llençar-hi els cadàvers dels africans al carrer Poço dos Negros.

Exactament. Després vaig intentar trobar un joc literari per transmetre la informació que creués la literatura i l’antropologia. I va sorgir el mètode en llengua portuguesa que enllaçava les lliçons prohibides i la memòria portuguesa, revisitava Lisboa mostrant els indrets que queden amagats rere la façana de la Història oficial. No volia fer un assaig, perquè crec que els acadèmics no aconsegueixen sacsejar l’opinió pública amb aquestes noves visions de la Història. Vaig escollir el format pròxim al de la novel•la policíaca, per donar la paraula als esclaus d’ahir i als nous descobridors que formen part de la cultura.

Nous descobridors?

Perquè els portuguesos es veien com els descobridors del món, van portar espècies i esclaus. Els africans són i van ser també els descobridors del nostre món.

Les lliçons prohibides realcen una crítica a la manipulació i al blanquejament de la Història. Quins interessos seguia l’anul•lació de la contribució africana?

El segle XV va ser un moment terrible, es van cremar mapes, es va amagar informació. Era molt urgent promoure una superioritat de la nostra civilització. Antigament, els esclaus dels cristians eren musulmans i els esclaus dels musulmans eren cristians. No funcionava el dir “evangelitzem els africans, esclavitzem els negres i bategem-los.” Al segle XV es va recuperar de la Bíblia el càstig de Cam, fill de Noé, i la seva descendència. Es va decidir que els africans formaven part de la descendència de Cam i que havien de viure una vida de sofriment per apartar el càstig, patir la Passió de Crist, cosa que els permetria entrar al paradís.

Era l’inici del mite de la inferioritat.

Cinc segles no és molt en la història de la Humanitat, però pels que serveixen aquesta història, que durant la vida només obeeixen, és immens. No es pot sofrir més, això.

Alguns relativitzen l’esclavitud europea dient que l’Àfrica ja era esclavista amb el seu propi poble, el cas d’Egipte, el regne del Congo…

És clar que antigament els grans imperis africans tenien esclaus. La gran diferència és que els seus captius no perdien la categoria d’humanitat. Un home que perd la llibertat a la guerra es tornava guerrer o camperol en temps de pau, però el cap del poble tenia el deure de pagar-li el casament i de donar-li suport. A l’esclavatge europeu es perdia l’humanitat, una novetat cruel.

Un historiador del Dicionário da História de Portugal, dirigit pel Joel Serrão, diu que l’abundància d’esclaus a Lisboa va deixar vicis de falta de productivitat, ociositat i deixadesa als costums de la població lisboeta. Un judici violent, com escriu Isabel Castro Henrique. Què en va quedar, d’aquesta presència d’esclaus?

Al final del segle XVIII es va prohibir importar més esclaus, però els que hi eren es van quedar. El problema dels lliberts és que no tenien un paper econòmic, i es van desplaçar cap a la perifèria, d’altres va anar a parar a presons, molts es van tornar alcohòlics, d’altres van ser enviats al Brasil. És una de les raons de la desaparició dels negres a Lisboa, i també perquè l’amor estava gairebé prohibit.

Per por al mestissatge?

Hi va haver mestissatge a Portugal, però era un tabú. La Casa da Misericórdia acollia molts nadons mulats abandonats. Encara que el mestissatge constava al discurs harmoniós oficial de la lusofonia com a raó pel caràcter d’excepció del colonialisme portuguès. Això era a ultramar, aquí a la metròpoli, era desencoratjada i prohibida. Fins i tot entre negres. Preferien importar més esclaus d’Àfrica que mantenir els fills. Als relats que he llegit, no es desitja que el mascle negre, casat, recuperi l’orgull. Al Brasil també era més barat fer venir esclaus, al voltant de 4 o 5 milions, podem doblar la xifra als 8 milions si comptem que molts morien a la travessa. Va ser una història terrible. Hem d’acabar d’una vegada amb el lusotropicalisme, i els mites com la cordialitat i el mestissatge, que són una excusa per no veure la realitat. El colonialisme portuguès i l’esclavitud van ser nefastos, per exemple a Brasil i a S. Tomé.

Però als seus llibres estableix un diàleg a partir del que queda d’aquesta història violenta imperialista, en una necessitat de comunicar que prové de la descoberta de l’alteritat.

Persegueixo la vocació d’explicar el món on vivim. Jo i la meva dona, Viviane Lièvre, hem treballat com a etnòlegs a l’Himàlaia, Paquistan, durant quinze anys. El primer pas va ser entendre la importància de la cultura dels Kalash, un poble amenaçat per la intolerància i minoritzat de la història de la humanitat. Amb Àfrica el Diálogo a preto e branco va ser la clau de tota la història. Vaig ser escollit pel camerunès Kum’a Ndumbe III, que em va donar la seva visió sobre el continent, dient-me: “seràs el pont”. A Àfrica és important que siguem escollits, no es pot simplement senyalar amb el dit o revelar secrets.

“El talent” de Jordi Nopca, de Lisboa a l’Horiginal

13 Març, 2012

En Sebastià Bennassar ens fa saber, des de les seves Cròniques Portugueses, la incorporació a “la secta” de Jordi Nopca, “la secta” dels escriptors en català que queden fascinats per Portugal i la seva cultura.

Jordi Nopca presenta a l’Horiginal el dimecres 14 de març a les 20:30 el seu llibre El talent, una “novel·la d’aventures literàries optimista i sensorial” protagonitzada per un parell de joves que van a Lisboa a trobar el talent literari.

Allà hi serem!

De regionalismes, capitals, africanismes i molta feina per fer

11 Març, 2012

(Versión en castellano aquí)

Vamos ver, só para faz-de-conta: Caliota, Pedro Caliota, amboinho, era todo incapaz para quituta, afilhado de quianda sereia?

E a ver vamos. No corpo dele, exemplo – só marcas-de-moscas, mais nada. Porque Caliota era esbelto paco, nada de roídos de salalé de doença, fascas postas, cicatrizes umbândicas. Cana grossa, das margens, os braços, as pernas. Nem que tinha uma ruga, cacunda nada, perna camba, pé pernambuco, qualquer o dibute da ferida crónica. Homem direito. E chorar não chorara em baptismo d’água católica. Tendo sido sempre só o tranquino monandengue, um infante.

E na terra dele, como era? Essa é que soma pontos: tem demasias águas. Onde que têm águas, sereia quianda sai. Quitutas tem. que lhe nasceram, no Caliota, em suzala sanzala, riobeirinha. Na mão esquerda do caminho no Posto, a corrente bifonte, o rio de dois fios – o Longa, de límpidas leves ñaguas, todo ele peixes, jacaré fero só pacíficamente; o Nhía, reveldia líquida, o que dá vermelhos nas águas misturadas do depois, viagem no caminho do mar universo.

(“Pedro Caliota, Sapateiro-Andante”, Macandumba, José Luandino Vieira)

Aquilino Ribeiro, s’ha tingut durant molt temps per un escriptor regionalista. Nascut a la Beira, està envoltat des de petit per un món rural que influirà tota la seva obra. Com que tot el que no sigui un escriptor lisboeta, o com a mínim, urbà, és una altra casta d’artista, es diu que Aquilino Ribeiro és regionalista. Certament, se’n podria dir així, sempre i quan no s’utilitzi aquest terme de forma despectiva: perquè els regionalistes tracten suposadament temes rurals, antics, pintorescos i ridículs, utilitzen una llengua camperola, poc refinada. Són uns pagesos, vaja – en el sentit més criticable de la paraula. Aquilino, però, no es pot inscriure en cap corrent artística; vol renovar la literatura a través d’una estilització del llenguatge que ha sentit tota la vida, fent-ne literatura, no amb la voluntat de fer un retrat costumista i ridiculitzant, creador de tòpics i de tipus socials, sinó amb la voluntat d’aportar riquesa a una llengua massa artificialitzat, allunyat de la gent, un llenguatge del camp idealitzat, potser, però més ric en matissos; i amb una consciència clara de “nosaltres aquí parlem així, i així es reflecteix a la literatura”. No és un empobriment sinó tot el contrari, un interessant enriquiment. Això és més o menys el que venia a dir una professora d’un curs d’estiu d’una universitat lisboetael nom de la qual no sé si recordo.

És una sort que els estudis literaris, pressuntament, hagin eliminat els prejudicis capitalins i no acceptin que es parli de la literatura d’Aquilino Ribeiro com a regionalista (si entenem el terme de forma despectiva).

Una altra cosa, sembla, són les literatures africanes en llengua portuguesa, com és el cas de Luandino Vieira. La mateixa professora, sense els tics antiquats d’altres colegues, com es vantava ella, ens va presentar en aquestes literatures africanes, dos camins diferenciats pel que fa a la utilització de la llengua: el que imita el portuguès estandaritzat, intentant eliminar qualsevol terme o gir propi de les altres llengües locals per no crear una diferència, i el que utilitza precisament aquest element diferenciador com a recurs estilístic, tant pel que fa a la identitat com pel que fa a l’enriquiment d’una llengua, més enllà de voler-la exotitzar. “Nosaltres aquí parlem així, i així es reflecteix a la literatura”  Lògicament, és incomprensible que els africans no tinguin la decència d’escriure en un portuguès comprensible per tothom, quina mania aquesta de posar pals a les rodes escrivint com parlen de veritat. Sembla que algunes persones encara no han entès, encara que creguin que sí, que la literatura no es fa per ús exclusiu de la capital.

Quando comecei a pôr vulto no mundo, meus fidalgos, era a porca da vida outra droga. Todas as semanas contavam dias de guarda e, por cada dia de guarda, armava-se o saricoté nos terreiros. Não andaria Nosso Senhor de terra em terra – eu cá nunca me avistei com ele – mas a verdade é que a neve vinha com os Santos e as cerejas quando largam do ovo os perdigotos. Bebia-se o briol por canadões de pau até que bonda. Um homem mesmo com os dias cheios tinha pena de morrer.

Não tenho cataratas nos olhos, ainda que me hajam rodado sobre o cadáver quase dois carros de anos, mas os dias de hoje não os conheço. Ponho-me a cismar e não os conheço. E quanto mais cismo, mais dou razão ao Miguelão da Cabeça da Ponte, que falava como livro aberto, o grande bruxo. Muitas vezes lhe ouvi dizer quando estava de boa lua, o que nem sempre assucedia:

– Tempos virão em que o governarão as terras vãs e os filhos das barregãs.

Agora deitem Vossorias consultas e digam-me: quem tudo lo manda no concelho? Quem? O doutor Alípio, o filho da Ruça da Folgosela, com a porta aberta aos marchantes na feira de S. Mateus. Quem recolhe boas novidades? O pele-de-asno do Bisagra com umas barreiras rabosanas, donde não valia a pena enxotar a milheira, quando ainda o mundo não andava torto.

(O Malhadinhas, Aquilino Ribeiro)

(Versión en castellano aquí)

De regionalismos, capitales, africanismos y mucho trabajo pendiente

11 Març, 2012

(Versió en català aquí)

Vamos ver, só para faz-de-conta: Caliota, Pedro Caliota, amboinho, era todo incapaz para quituta, afilhado de quianda sereia?

E a ver vamos. No corpo dele, exemplo – só marcas-de-moscas, mais nada. Porque Caliota era esbelto paco, nada de roídos de salalé de doença, fascas postas, cicatrizes umbândicas. Cana grossa, das margens, os braços, as pernas. Nem que tinha uma ruga, cacunda nada, perna camba, pé pernambuco, qualquer o dibute da ferida crónica. Homem direito. E chorar não chorara em baptismo d’água católica. Tendo sido sempre só o tranquino monandengue, um infante.

E na terra dele, como era? Essa é que soma pontos: tem demasias águas. Onde que têm águas, sereia quianda sai. Quitutas tem. que lhe nasceram, no Caliota, em suzala sanzala, riobeirinha. Na mão esquerda do caminho no Posto, a corrente bifonte, o rio de dois fios – o Longa, de límpidas leves ñaguas, todo ele peixes, jacaré fero só pacíficamente; o Nhía, reveldia líquida, o que dá vermelhos nas águas misturadas do depois, viagem no caminho do mar universo.

(“Pedro Caliota, Sapateiro-Andante”, Macandumba, José Luandino Vieira)

Aquilino Ribeiro, se ha tratado durante mucho tiempo como un escritor regionalista. Nacido en la Beira, le rodea desde su infancia un mundo rural que influirá en toda su obra. Como que todo lo que no sea un escritor lisboeta, o por lo menos, urbano, es otra casta de artista, se dice que Aquilino Ribeiro es regionalista. Ciertamente se le podría llamar así, siempre y cuando no se utilice este término de forma despectiva: porque los regionalistas supuestamente tratan temas rurales, antiguos, pintorescos y ridículos, utilizan una lengua campesina, poco refinada. Que son unos payeses, vaya – en el sentido más criticable de la palabra. Pero Aquilino no se puede inscribir en ningún corriente artístico; quiere renovar la literatura a través de una estilización del lenguaje que ha oído toda su vida, haciendo de ello literatura, no con la voluntad de hacer un retrato costumbrista y ridiculizador, de los que crean tópicos o tipos sociales, sino con la voluntad de aportar riqueza a una lengua demasiado artificializada, alejada de la gente, un lenguaje del campo idealizado, tal vez, pero más rico en matices; y con una consciencia clara de “nosotros aquí hablamos así, y así se refleja en la literatura”. No es un empobrecimiento sino todo lo contrario, un interesante enriquecimiento. Esto es lo que más o menos decía una profesora de un curso de verano de una universidad lisboeta de cuyo nombre no quiero acordarme.

Es una suerte que los estudios literarios, presuntamente, hayan eliminado los prejuicios capitalinos y quen no acepten que se hable de la literatura de Aquilino Ribeiro como regionalista (si entendemos el término de forma despectiva).

Otra cosa son, parece, las literaturas africanas en lengua portuguesa, como es el caso de Luandino Vieira. La misma profesora, sin los tics anticuados de otros colegas, como se enorgullecía, nos presentó en estas literaturas africanas, dos caminos diferentes en lo que refiere a la utilización de la lengua: el que imita el portugués estandarizado, intentando eliminar cualquier término o giro propio de las lenguas locales para no crear una diferencia, y el que utiliza precisamente este elemento diferenciador como recurso estilístico, tanto en lo que concierne a la identidad como en lo que concierne al enriquecimiento de uan lengua, más allá de quererla exotizar. “Nosotros aquí hablamos así, y así se refleja en la literatura”. Lógicamente, es incomprensible que los africanos no tengan la decendia de escribir en un portugués comprensible para todo el mundo, qué manía esa de poner trabas escribiendo como de verdad se habla. Parece que algunas personas todavía no han entendido, aunque así lo crean, que la literatura no se hace para uso exclusivo de la capital.

Quando comecei a pôr vulto no mundo, meus fidalgos, era a porca da vida outra droga. Todas as semanas contavam dias de guarda e, por cada dia de guarda, armava-se o saricoté nos terreiros. Não andaria Nosso Senhor de terra em terra – eu cá nunca me avistei com ele – mas a verdade é que a neve vinha com os Santos e as cerejas quando largam do ovo os perdigotos. Bebia-se o briol por canadões de pau até que bonda. Um homem mesmo com os dias cheios tinha pena de morrer.

Não tenho cataratas nos olhos, ainda que me hajam rodado sobre o cadáver quase dois carros de anos, mas os dias de hoje não os conheço. Ponho-me a cismar e não os conheço. E quanto mais cismo, mais dou razão ao Miguelão da Cabeça da Ponte, que falava como livro aberto, o grande bruxo. Muitas vezes lhe ouvi dizer quando estava de boa lua, o que nem sempre assucedia:

– Tempos virão em que o governarão as terras vãs e os filhos das barregãs.

Agora deitem Vossorias consultas e digam-me: quem tudo lo manda no concelho? Quem? O doutor Alípio, o filho da Ruça da Folgosela, com a porta aberta aos marchantes na feira de S. Mateus. Quem recolhe boas novidades? O pele-de-asno do Bisagra com umas barreiras rabosanas, donde não valia a pena enxotar a milheira, quando ainda o mundo não andava torto.

(O Malhadinhas, Aquilino Ribeiro)

(Versió en català aquí)

BUALA

10 Març, 2012

(Versió en castellà aquí)

BUALA: en llengua quimbundu, casa, poble, comunitat.

BUALA és una associació dedicada a la creació i a l’enfortiment del ponts culturals entre Àfrica, Portugal i Brasil. S’agafa a la idea del punt de trobada entre les diverses geografies i contribucions de tots els territoris de parla portuguesa, celebrant-ne la diversitat. És una xarxa de treball que es materialitza en un portal online de reflexió, crítica i documentació de les cultures africanes contemporànies.

Amb unes trenta mil visites al mes, BUALA contribueix a la divulgació del patrimoni cultural africà en un sentit ampli, tenint en compte les relacions que s’estableixen amb Brasil i Portugal, i aprofitant la xarxa per fer convergir propostes que ja estaven en marxa amb noves perspectives. Una de les coses més interessants és la mirada interdisciplinar que estableix ponts entre els camps acadèmics, artístics, periodístics i la societat civil, reforçada per mòduls de formació i reflexió a les ciutats on BUALA té seus.

A la pàgina web ens trobem les següents seccions:  cara a cara – autors, objectes; afroscreen – cinema i multimèdia; a ler  assajos i reportatges; mukanda – divulgació del pensament d’autors africans, manifestos, textos polítics i literaris; palcos – arts escèniques, dansa, teatre i música; cidade – pensar la ciutat i la urbanització; i el blog Dá Fala farcit de divulgació cultural i acadèmica, imatges, sons i vídeo.


BUALA
s’erigeix com a xarxa de treball per professionals de la cultura i el coneixement, una plataforma construïda per a les persones, que funciona a partir de col·laboracions desinteressades, tant en la redacció com en la traducció, perquè aquest és un dels altres aspectes més interessants de BUALA, que la podem llegir en portuguès, francès i anglès. La intensa col·laboració de tantes persones, tant de lectors com de redactors, de tots els països de parla portuguesa i de molts altres llocs del món, és un senyal de com de necessària i desitjada era aquesta plataforma, aquest canal de reflexió i divulgació en l’àmbit de la cultura africana contemporània.

(Versió en castellà aquí)